TÉCNICAS
Iluminação em televisão
 
CONCEITOS
O olho humano tem uma capacidade impressionante de enxergar uma gama bastante extensa. A câmera de televisão não pode se aproximar do alcance imenso do olho humano. Em produção de televisão, o iluminador tem de trabalhar dentro das limitações da câmera.
A iluminação para televisão é diferente da iluminação em teatro, fotografia e cinema. No teatro, nossos olhos são a referência, eles é que captam as imagens, e com isso conseguimos ver profundidade e enormes nuanças de luz. Infelizmente, a televisão tem somente duas dimensões. A percepção da profundidade terá de ser criada através de técnicas próprias de iluminação.
Como já vimos, olho humano pode enxergar mais de 800 níveis de iluminação diferentes, enquanto que a câmera de televisão está limitada entre 25 e 30. O filme pode trabalhar até 100 níveis diferentes de iluminação. Isto significa que nós temos de limitar a relação de contraste em mais ou menos 20 a 1 em televisão. Para que possamos ver todas as partes de uma cena, o brilho de um objeto não pode estar 20 vezes mais brilhante do que o objeto mais escuro em uma cena.
Provavelmente, o mais importante aspecto da iluminação em televisão, em programas que não sejam em linha de show, é que a iluminação deverá parecer o mais natural possível. O telespectador deverá ter uma sensação muito especial que não há iluminação alguma, exceto a luz natural que deveria ser usada na cena, como se fosse uma situação da vida real, ao invés de uma cena de televisão.
Naturalmente, quando se trata de uma produção musical, normalmente, vários tipos de iluminação, ou seja refletores, são usados. Isto inclui canhões usados em iluminação para efeitos especiais, ou iluminação de laser etc. Em muitos casos, a produção chega a parecer um show de iluminação. Esta é a única ocasião em que a iluminação poderá ser a principal atração de uma produção.
A sensibilidade das câmeras é determinada em foot-candles ou lux. Essas medidas são padrões estabelecidos da seguinte forma: foot-candles é o nível de iluminação que existe numa área com dimensão de 1 pé (0,303 metros) quadrado, banhado com o branco de óxido de magnésio, e iluminado por uma candela (fonte de luz padrão em física) a distância de 1 pé da superfície; lux é uma variação do foot-candle só que é a medida de uma candela no centro de uma circunferência, também branca com raio de 1 metro. Nosso olhos podem enxergar com menos de um foot-candle (10,70 lux) até as maiores condições exteriores de iluminação (10.000 a 15.000 foot-candles - 107,600 a 161,400 lux).
Há várias maneiras de medir o nível de iluminação. Provavelmente, o método mais comum é a leitura do nível de iluminação incidente. Este tipo de medidor, cujo nome é fotômetro, é dirigido para o objeto iluminado, medindo sua quantidade de luz. Ele é útil para se fazer um ajuste dos níveis de luz básico e relação de iluminação entre os diferentes tipos de iluminação.
É importante lembrar que o objeto técnico mais importante da iluminação é a luz refletida do objeto e não a quantidade de luz que está incidindo sobre o objeto, isto permite ao iluminador estabelecer uma referência de preto e uma referência de branco. Isto é feito, simplesmente, determinando as cores que refletem no objeto menos iluminado (referência preto) e o objeto mais iluminado (referência branco). Um objeto totalmente negro não irá refletir nada e terá uma reflexão de zero porcento. Um objeto branco irá refletir toda a luz, que significa uma reflexão de cem porcento. Normalmente, a televisão em cores não deve ter uma referência de branco de mais de 60 porcento ou uma referência de negro de menos de 3 porcento. Isto estará então, dentro da relação de contraste 20 para 1 como já foi mencionado.
Ninguém se preocupava com a temperatura de cor nos dias da televisão em preto e branco. Quando a cor foi introduzida, todos se cientificaram do problema e então, o ponto de referência de 3.200 Kelvin tornou-se padrão.
No princípio, a iluminação a quartzo era muito mais barata e o compromisso de eficiência com a vida da lâmpada a 3.200 Kelvin era muito bom. As lâmpadas foram aumentando de preço até o ponto de que parte da iluminação de estúdio teve de ser usada como itens de reposição para a parte ativa do estúdio. Hoje, muitos estúdios operam a 3.000K e até 2.900K, a disponibilidade de lâmpada a esta temperatura de cor é muito limitada. Em conseqüência, os estúdios usam seus sistemas de dimmers a fim de limitar a tensão de saída para conseguir a temperatura de cor desejada.
De uma forma mais objetiva, a maioria dos estúdios irá então usar sua iluminação, basicamente, em pontos ou rostos para a temperatura de cor desejada e atenuar todo o restante sem restrições. Naturalmente, a medida que a iluminação é atenuada, a temperatura de cor muda. Se as câmeras forem ajustadas para 3.000K, uma variação de 200, a mais ou a menos, não irá mostrar mudança de cor. Somente o nível de iluminação irá mudar.
A única referência que o telespectador possui para ajustar o matiz no receptor é ou através da cor de pele das pessoas ou através das cores facilmente identificáveis de produtos comerciais. É importante reproduzir essas cores tão precisamente quanto possível. Assim é importante iluminar todos os pontos de um cenário envolvido em uma produção, o mais naturalmente possível.
Se um ator move-se de uma parte do cenário para outra, sua face deverá ser iluminada o mais natural possível. Evidentemente, as diferenças entre os diversos cenários serão obtidas com os diferentes fundos e ajustes de iluminação.
Muitas vezes, nós nos vemos tão envolvidos em medir níveis de iluminação e temperatura de cor que nos esquecemos do ponto mais importante para iluminação de televisão. Este ponto é que nós temos de nos orientar pelo monitor na sala de controle, de uma forma estética bem como para atender as necessidades técnicas. Você pode ter sido preciso nos vários métodos de medida, mas o critério real é se a imagem parece boa ou não. Em outras palavras, será que ela parece da maneira que você gostaria que ela parecesse?
De um modo geral, a iluminação de televisão, cinema e fotografia é semelhante. Existem diferentes relações de contrastes envolvidas, mas os objetivos são os mesmos.
 
ILUMINAÇÃO BÁSICA
A imagem em televisão é bi-dimensional e nós temos de criar a sensação de profundidade. Abaixo, as luzes e seus nomes, que criam a sensação de volume e profundidade:
  • Luz Principal, Chave ou Key Light - esta é a principal fonte de luz da iluminação. É similar ao sol quando ilumina um lugar, ou lustre em uma sala, posto que coloca a maior parte da iluminação no objeto e cria sombras que serão percebidas.
  • Luz Secundária, de Preenchimento ou Fill Light - esta iluminação secundária preenche as sombras com luz suficiente para vermos detalhes na área sombreada sem cancelar a sua própria sombra.
  • Contraluz ou Back Light - esta luz ilumina o objeto de trás com acentuação de iluminação na cabeça e ombros. Este é um método primário de se obter profundidade em uma imagem.
  • Luz de Cenário, de Ciclorama ou Set Light - esta luz ilumina o fundo do cenário. Gelatinas coloridas são normalmente usadas de modo a colorir o fundo.
  • A maneira mais segura de determinar se há suficiente contraste de brilho em sua cena, isto é, se o esquema de cores está compatível, é observar a cena em um monitor preto e branco. Se a imagem parecer contrastante, suas cores são compatíveis. Se ela parecer lavada, faltando contrastes apropriados, as suas cores não são compatíveis.

    A seguir temos alguns esquemas básicos de iluminação:

    ILUMINAÇÃO BÁSICA 1
    Esquema de iluminação 1
     
    ILUMINAÇÃO BÁSICA 2
    Esquema de iluminação 2
     
    ILUMINAÇÃO BÁSICA 3
    Esquema de Iluminação 3
    • Os esquemas que acabamos de observar são simples, úteis e servem como base, pois sabemos que cada situação requer cuidado próprio. Sempre utilize as luzes principal, secundária e contraluz, na medida do possível, em sua produção
    © MAGIA Comunicações
    1998 - 2002